quarta-feira, 26 de agosto de 2009

FIBROMIALGIA E ASPECTOS EMOCIONAIS

A Fibromialgia é uma síndrome crônica e de etiologia ainda desconhecida. É caracterizada por dor musculoesquelética que atinge várias áreas do corpo, com localizações em pontos hipersensíveis. Acomete principalmente o sexo feminino (8 mulheres para cada homem), entre as idades de 12 a 55 anos, independente de classe social ou raça.
Diferentes fatores, isolados ou não, podem favorecer o surgimento da fibromialgia, como doenças graves (ex. câncer, infecção grave), traumas emocionais ou físicos (ex. acidente de carro) e mudanças hormonais.
Há quem afirme que a doença possa se iniciar a partir de problemas emocionais, onde o indivíduo apresenta dificuldade em lidar com alguma perda ou conflitos, não consegue elaborar situações conflitivas (coping inadequado). Assim sendo, a dor representa a manifestação do conflito vivido internamente pela pessoa. Sendo intolerável o sofrimento, a pessoa tende a se esquivar do problema, convertendo a dor emocional em um sofrimento físico. Porém, essa dor é real, mas é menos penosa a sensação de dor do que a possibilidade de enfrentar o conflito.
Alguns distúrbios mentais ou emocionais podem aparecer no paciente com fibromialgia, como ansiedade, alteração de humor, dificuldade de concentração, fadiga, alteração do sono, falha de memória e irritabilidade. Esses sintomas pioram a qualidade de vida desses pacientes. Devido a esses sintomas, o paciente inicia seu tratamento com antidepressivos.
A depressão surge em até 71% dos pacientes com fibromialgia, especialmente se ligada a alguma doença grave e crônica. Além disso, há diminuição dos níveis de serotonina em fibromialgia. No entanto, apesar da sintomatologia se assemelhar com a depressão, a fibromialgia não é depressão e nem todos os pacientes com fibromialgia apresentam depressão. O paciente fibromiálgico sem depressão consegue maior controle sobre sua vida, dando seguimento aos seus projetos de vida, mesmo que com interferência da dor.
Devido ao grande impacto da fibromialgia na qualidade de vida desse pacientes, a Psicologia pode oferecer instrumentos e recursos que aliviam os sintomas. Para tanto, é necessário conhecer a personalidade do paciente. O paciente fibromiálgico apresenta padrões elevados como forma de vida, onde ele exige demais de si mesmo e das outras pessoas. São indivíduos extremamente cautelosos, éticos, honestos, trabalhadores, persistentes, virtuosos. Características que exigem enorme desgaste físico e mental, ocasionando estresse e tensão, dois grande inimigos da fibromialgia.
Para a Psicologia da Saúde, o paciente é um agente de seu próprio estado de saúde e doença, um ator em seu processo de cura e manutenção da saúde. O papel do Psicólogo se inicia na avaliação da interação entre o paciente, a doença e o meio. Em resumo, terá que levar em conta os aspectos cognitivos, culturais e emocionais da dor que o paciente apresenta.
Algumas técnicas também são utilizadas pela Psicologia para aliviar essa tensão e baixar o estresse e ansiedade, tais como: Relaxamento, Visualização, Sensibilização, Treino de Controle de Estresse e Reestruturação Cognitiva.
A dor permanece, mas o indivíduo readquire a capacidade de enfrentar seus problemas, seguir sua vida normalmente e com qualidade de vida.



Referências Bibliográficas:

BRASIO, K. M.; LALONI, D. T.; FERNANDES, Q. P.; BEZERRA, T. L.. Comparação entre Três Técnicas de Intervenção Psicológica para Tratamento da Fibromialgia: Treino de Controle de Estresse, Relaxamento Progressivo e Reestruturação Cognitiva. Rev. ciênc. méd., (Campinas);12(4):307-318, out.-dez. 2003.
FELDMAN, D. Vírus de Epstein-Barr e Síndrome de Fibromialgia. (tese de doutorado). São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1990.
PAIVA, E. S. Agrupamento de Pacientes com Fibromialgia baseado em Limiar de Dor e Fatores Psicológicos. www.fibromialgia.com.br, 21/2/2004.
RACHLIN, E. S. Myofascial Pain and Fibromyalgia: Trigger Point Management. USA: Mosby-Year Book, Inc., 1994.


Cristiane Vizzone
CRP 75975
Psicóloga Clínica e Psico-Oncologista
Membro da SBPO – Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia
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