quarta-feira, 8 de julho de 2009

Câncer, Depressão e Dor Oncológica



Não é fácil receber uma notícia de diagnóstico de câncer. Essa situação desencadeia algumas reações que variam de pessoa para pessoa. Algumas reagem de forma agressiva com extrema negação do fato. Outras se "paralisam", ficam em estado de choque. E ainda há outras que não querem acreditar. Cada pessoa enfrenta a mesma dificuldade de maneira diferente.

O fato é que, muitas vezes, uma notícia dessa pode levar as pessoas à depressão logo de imediato. A depressão pode ocorrer após o diagnóstico, durante o tratamento ou mesmo após o tratamento, quando este ainda não fora suficiente ou com a suspeita de uma reincidência.
O paciente oncológico quando é acometido pela depressão deve ser tratado e acompanhado, pois a depressão pode levar o indivíduo à apatia a tal ponto de não aderir mais ao tratamento. Além disso, a depressão causa diminuição da resposta ao tratamento, ou seja, baixa sua carga imunológica tornando-se mais difícil a resposta positiva aos procedimentos dispensados.
No entanto, o que pretendo focar aqui é a depressão advinda da dor oncológica. A dor é o sintoma mais incapacitante dentre os demais sintomas que acometem o paciente com câncer e pode ser causada tanto pela própria doença como pelo tratamento. O paciente volta toda sua atenção à dor, não conseguindo se concentrar em outra atividade ou pensamento.
A dor oncológica é um evento que acomete de 50 a 70% dos pacientes com câncer e ocorre em 70 a 90% daqueles que se encontram em estágio avançado da doença. O sintoma que pode levar o paciente à depressão, também leva o paciente depressivo a sentir dor mais intensa. Isso porque a dor oncológica é contínua e de grande intensidade, causando desconforto físico, emocional, social e espiritual no paciente e, ainda, podendo vir acompanhada de ansiedade, luto, problemas financeiros, questionamento sobre vida e morte, entre outras questões que permeiam a vida de cada um.
Em decorrência disso, é necessário ter uma atenção voltada para a dor, tanto por meio de medicamentos como através de técnicas psicoterápicas para o manejo da dor, cujas técnicas podem ser: hipnoterapia, distração, relaxamento, visualização e musicoterapia. São intervenções que amenizam a dor e fortalecem os recursos internos do paciente, encorajando-o a enfrentar a situação e, assim, possibilitando uma resposta positiva ao tratamento, resultando numa melhor qualidade de vida.

Cristiane Vizzone
Psicóloga Clínica e Psico-Oncologista

Membro da SBPO - Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia
CRP 06/75975
cristiane.psico@yahoo.com.br


Bibliografia
Kovács MJ, Kobayaschi C, Santos ABB, Avancini DCF. Implantação de um Serviço de Plantão Psicológico numa Unidade de Cuidados Paliativos. Bol. Psicol 2001

Pessini L. Humanização da Dor e do Sofrimento Humanos na Área da Saúde. In: Bertachini L, Pessini L, editores. Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo: Loyola; 2004.

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