quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CUIDADO PALIATIVO

A medicina aplicada no século XXI segue dois modelos: o modelo curativo e o modelo paliativo.
No modelo curativo, desde a investigação do diagnóstico até o tratamento o objetivo é tratar, erradicar a doença. No modelo paliativo, a atenção é voltada ao paciente e seus sintomas, visando melhor qualidade de vida.
Nos dias de hoje, há certa confusão na transição entre o momento de tratar e o paliar, pois tanto médico quanto paciente buscam novas chances de cura ou sobrevida, o que resulta num tratamento agressivo causando intenso sofrimento ao paciente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
“Cuidados Paliativos são uma abordagem que objetiva a melhoria na qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que ameaça a vida, através da prevenção e alívio de sofrimento, através da identificação precoce e avaliação impecável, tratamento de dor e outros problemas físicos, psicológicos e espirituais.”
O cuidado paliativo é um tipo de assistência voltada às pessoas com doenças crônico-degenerativas, onde uma equipe interdisciplinar irá proporcionar alívio dos sintomas e dos desconfortos físicos e emocionais.
O cuidado paliativo se inicia quando não há mais possibilidade de intervenção terapêutica com o intuito de tratar a doença. É quando a doença já se encontra em um estágio avançado e sem cura, cujo tratamento já causa mais desgastes e efeitos colaterais do que a própria enfermidade. Esse período pode ser logo após o diagnóstico (quando tardio) ou após longo processo de tratamento e insucesso do mesmo, com a evolução do tumor.
O “não poder fazer mais nada” representa a morte social que antecede a morte biológica. No entanto, apenas muda-se o foco: a terapia médica continua, mas com novo objetivo que não mais o de tratamento da doença em si.
Os cuidados paliativos não se aplicam exclusivamente aos cuidados na terminalidade. Mesmo pacientes que não estejam em fase terminal de vida podem ser acompanhados por essa especialidade para que se obtenha um tratamento global.
É um tipo de acompanhamento que requer preparo, capacitação e sensibilidade do profissional, pois representa a humanização na saúde, ou seja, o mais possível bem-estar do paciente, alívio dos sintomas, em especial da dor, e assistência multiprofissional que visem a qualidade de vida desses pacientes.
Cuidar paliativamente também é fornecer suporte ao paciente e seus familiares, apoio no momento diante da morte e preparação para o fim de vida. O paciente é ativo em todo o processo de acompanhamento paliativo e é assistido, bem como seus familiares, em seus desconfortos físicos, emocionais, sociais e espirituais. É nesse momento em que o paciente reflete sobre sua vida, sobre a morte e procura elaborar a aceitando da morte de forma tranquila.

sábado, 23 de outubro de 2010

GAPC - Grupo de Assistência aos Portadores de Câncer



Você também pode receber de braços abertos essa missão!
É somente com o apoio e o coração de todos que podemos melhorar a vida das pessoas.

GAPC - Avenida Senador Feijó, 623 - Vila Mathias - Santos
Tel.: (13) 2102-2450
CEP 11015-505

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Educação à Distância para Cuidadores de Pacientes com Câncer

Curso online é fruto de parceria com União Internacional contra o Câncer
O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP, acaba de lançar um curso online voltado principalmente aos familiares que cuidam de pacientes com câncer em casa.
Batizado de Curso Básico sobre Câncer, as aulas são gratuitas. Basta acessar o site da instituição (www.icesp.org.br). A iniciativa, pioneira no Brasil, é fruto de uma parceria entre a União Internacional Contra o Câncer, entidade que desenvolveu todo o projeto do curso. O Icesp ficou responsável pela tradução dos módulos para o português.
O programa educacional aborda as principais temáticas relacionadas à doença, desde o desenvolvimento, passando pelo diagnóstico e tratamento, com aulas que visam promover a compreensão de aspectos fundamentais sobre o câncer, integrando os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e éticos.
Dividido em quatro módulos (“como o câncer se desenvolve”, “como o câncer é tratado”, “controlando os sintomas”; e “o câncer como uma doença crônica”), o curso tem duração de quase oito horas. Ao final de cada etapa, mediante a realização de uma avaliação, o participante recebe um certificado. O material também está disponível para estudantes e profissionais da área da saúde.
O modelo de educação à distância permite que o participante faça o curso da maneira que for mais conveniente para sua rotina. O processo pode ser interrompido a qualquer momento e retomado a partir do ponto em que foi parado.
“Considerando que o câncer é a segunda doença de maior incidência no Brasil, torna-se muito importante dar subsídios para que os cuidadores entendam melhor os processos relacionados à enfermidade. Entendemos por cuidadores não apenas profissionais da saúde, mas principalmente familiares e demais pessoas próximas dos pacientes diagnosticados com a doença”, afirma o coordenador do projeto, Roger Chammas.
O curso pode ser instalado, gratuitamente, a partir do link www.icesp.org.br/Ensino-e-Pesquisa/Educacao/UICC---Cursó-basico-sobre-Cancer/ .
fonte: http://www.redebomdia.com.br/

Cristiane Vizzone
CRO 06/75975

ASPECTOS EMOCIONAIS NO CÂNCER DE MAMA

Responsável por 22% de novos casos a cada ano, o câncer de mama representa a perda da feminilidade.
Leia na íntegra:
http://www.gapcbrasil.org.br/stnoticias.php?id=34&cid=2

Cristiane Vizzone
CRP 06/75975

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CÂNCER DE MAMA

De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres, atingindo 22% de novos casos a cada ano, e mais frequente após os 35 anos de idade.
No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa morte entre as mulheres e ainda é muito temido, devido à sua alta frequência e efeitos psicológicos.
O órgão atingido pela doença tem um significado emocional muito importante para a mulher, pois está associado à fertilidade, maternidade, amamentação, autoestima, autoconceito, imagem corporal, feminilidade, atração e sexualidade.
Para as meninas, o seio é o objeto desejado, idealizado, esperado como símbolo da capacidade feminina. A imagem representativa da feminilidade: provisão, maternidade, sensualidade, doação.
Ao descobrir o surgimento de um tumor maligno, desencadeiam reações psíquicas, como; ansiedade e incertezas do que virá adiante, raiva, frustração, angústia, sentimento de impotência, medo da doença e do tratamento (perda do seio), medo de morrer.
A mulher que perde o seio perde também sua sexualidade na representação simbólica. Sentindo-se com a feminilidade roubada, perde sua autoestima, que atinge diretamente sua sexualidade e afasta-se do convívio social.
A cirurgia, quanto mais conservadora, menor também será o impacto psicológico causado pela auto-imagem. As alterações corporais podem desencadear rejeição e vergonha por parte da paciente. A busca pela cirurgia de reconstrução mamária passa a ser vista como esperança de um retorno à sexualidade, a volta do seio perdido e o alívio no enfrentamento da situação.
A consequências emocionais podem ser muito semelhantes para cada mulher, variando em decorrência de:

- traço de personalidade
- idade
- situação profissional
- nível sócio-educativo
- condição econômica
- posição familiar
- experiências anteriores com câncer
- preconceitos culturais
- informações obtidas sobre o assunto

Portanto, é fundamental o acompanhamento psicológico para fortalecimento dos recursos de enfrentamento diante da doença e dos tratamentos, bem como ressignificar a experiência vivida alcançando qualidade de vida e superação.

Cristiane Vizzone
Psico-oncologista GAPC
CRPSP 75975

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O PSICÓLOGO E O PACIENTE COM CÂNCER

Apesar de termos boas expectativas de tratamento, o diagnóstico de câncer ainda é algo que assusta as pessoas, devido ao estigma da doença.
Quando adoece, a pessoa apresenta alguns sentimentos, como ansiedade, angústia e o medo de estar com câncer. Os abalos emocionais da saúde física surgem com outras preocupações: financeiras, com a alteração no estilo de vida, mudanças na rotina diária, preocupação com o tratamento, com o manejo familiar, entre outros.
Neste momento se faz necessário ter uma Organização no porte do GAPC - Grupo de Assistência aos Portadores de Câncer - com uma estrutura e equipe completa de atendimento especializado no cuidado com o paciente, gratuitamente. O psicólogo irá fornecer suporte psíquico e preparar o paciente para a recuperação de sua força interior.
A Psico-Oncologia - uma especificidade da Psicologia e da Oncologia – proporciona um atendimento diferenciado e auxilia o paciente e seus familiares:
 A obter melhor compreensão da doença (tirando suas dúvidas e aliviando a ansiedade);
 Ajudando-os a lidar melhor com a situação, de uma maneira saudável, fortalecendo seus recursos de enfrentamento;
 Orientando-os quanto à importância do comprometimento no tratamento;
 Trabalhando os aspectos afetivo-emocionais, através de técnicas psicoterápicas;
 Contribuindo para que se sintam acolhidos e confiantes para enfrentarem as dificuldades que se apresentam.
Com isso, tem-se um atendimento global e humanizado que se preocupa em confortar, tratar, apoiar e, assim, melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Psicólogo e o Paciente com Câncer

Artigo do GAPC - Grupo de Assistência aos Portadores de Câncer

http://www.gapcbrasil.org.br/stnoticias.php?id=31&cid=2

Cristiane Vizzone
Psico-Oncologista GAPC

terça-feira, 29 de junho de 2010

Psicologia / Psico-Oncologia: O CÂNCER E AS REAÇÕES PSICOLÓGICAS

Psicologia / Psico-Oncologia: O CÂNCER E AS REAÇÕES PSICOLÓGICAS

O CÂNCER E AS REAÇÕES PSICOLÓGICAS

Eis o câncer. Um diagnóstico cada vez mais frequente em nosso cotidiano, porém pouco compreendido. É uma doença que carrega um forte estigma que está relacionado ao sofrimento, dor, mutilação, perda do atrativo sexual, baixa da auto-estima, alteração da auto-imagem e iminência de morte.

No ato do diagnóstico, o paciente se vê perdido, abalado e desestruturado emocionalmente. É um momento que causa grande sofrimento, angústia e desequilíbrio psicológico tanto ao paciente quanto aos seus familiares. O paciente pouco consegue absorver as informações passadas pelo médico quando a surpresa da notícia toma conta de sua mente de forma avassaladora.

O paciente oncológico entra em um estágio de reações psíquicas que se divide em 5 fases, são elas:

- Negação

- Revolta

- Barganha

- Depressão

- Aceitação

São fases que se apresentam desde o momento do diagnóstico, mas que podem variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas passam mais tempo por uma determinada fase, outras mais rapidamente. Tem aquelas que invertem as fases e, ainda outras, que não passam por todas elas.

A primeira fase, a Negação, é caracterizada pelo fato do paciente duvidar do diagnóstico, considerando a possibilidade do médico ter se enganado, trocado exames ou não ter real certeza do que se trata. É quando o paciente não consegue admitir que isso esteja acontecendo com ele.

Na fase da Revolta ou Raiva, o paciente passa por essa experiência muitas vezes de forma agressiva, seja com os outros, seja com ele mesmo. Pode se sentir culpado ou procurar outros culpados pela doença, pode se voltar contra o mundo, até contra Deus, caso tenha religião. O fato é que é uma fase em que o paciente não dá oportunidade às outras pessoas de o ajudarem, retribuindo a atenção das pessoas com agressividade e incompreensão de si mesmo. Normalmente, se questiona por que com ele.

Tudo parece ser digerido aos poucos pelo paciente e seus familiares, até que o paciente tenta negociar sua melhora com promessas. É chegada a fase da Barganha, quando o paciente procura atingir a cura através de alguma mudança nas suas atitudes e projeta mudanças pessoais futuras. É o momento em que negocia com a vida e com Deus, prometendo ser uma pessoa melhor, mais solidária, alimentar-se com mais qualidade, etc. É a fase do desespero por fazer algo que o tire dessa situação.

Com a fase da Depressão, o paciente se sente derrotado. Muitas vezes, pode se isolar, apresentando dificuldades nas relações interpessoais e podendo agravar seu estado de saúde, pois a depressão está ligada à baixa do sistema imunológico e, com isso, aumentam as possibilidades de surgirem outras doenças, do câncer se alastrar mais rapidamente ou, até, do organismo não responder favoravelmente ao tratamento que está sendo realizado (quimioterapia e/ou radioterapia). É a fase mais comum e é esperado que o paciente passe por ela. Nessa fase, ele chora, mostra-se desanimado, apático e sem energia.

Por último, chega-se à Aceitação. É a fase final e é quando o paciente consegue olhar de frente a problemática e inicia seu enfrentamento. É uma fase importante, pois o paciente decide tomar as rédeas do tratamento, procura se informar e ser mais participativo de todo o processo.

Ao longo de todas as fases, é necessário que o paciente possa contar com um apoio social, ou seja, a rede familiar e de amigos. O paciente que sofre sozinho, sofre mais, pois conta com pouco recurso interno para enfrentar o estigma, a doença e o tratamento. É necessário, também, que ele receba apoio multiprofissional, no qual o paciente será tratado em sua totalidade, auxiliando no tratamento médico. Entre outras áreas da saúde, o paciente conta com o apoio psicológico, nutricional e fisioterápico. Além disso, pode obter orientação jurídica, pois a lei assegura alguns direitos e isenções ao paciente de câncer.

Outro ponto fundamental é que ele seja informado de tudo sobre sua doença: o tipo de câncer, as formas e procedimentos de tratamentos, os sintomas e o prognóstico esperado. Quanto mais informações o paciente possui, maior será sua participação durante esse processo e menor será a sua ansiedade. Essa compreensão da doença e do tratamento e envolvimento, por parte do paciente, em cada etapa, favorecem o bom prognóstico e a melhor qualidade de vida.

Cristiane Vizzone
Psico-oncologista GAPC
CRP 06/75975

sábado, 17 de abril de 2010

Palestra: Cuidando do Cuidador / Hospital Ana Costa

Em março, apresentei uma palestra cobre Cuidando do Cuidador, juntamente com a equipe do GAPC (onde, a partir de abril, me tornei psico-oncologista contratada), no Hospital Ana Costa, em Santos/SP.
Segue abaixo o link para acessar à página do vídeo no site do GAPC:
http://www.gapcbrasil.org.br/video.php?cid=2&video=672

quinta-feira, 15 de abril de 2010

I Simpósio Internacional de Cuidados Paliativos

Local: Hospital Sírio Libanês
Data: 12 de junho de 2010
Informações e inscrições: http://cursos.hospitalsiriolibanes.com.br/Vendas/curso_det.asp?oferta=836

VAMOS!!!

segunda-feira, 22 de março de 2010

SÍNDROME DE BURNOUT

Burnout - do inglês to burn out - queimar por completo.
É um distúrbio psíquico de caráter depressivo em decorrência de esgotamento físico e emocional intenso. Ocorre mais frequentemente nos profissionais de saúde, principalmente aqueles que lidam com situações de risco de morte.

Ao longo de seu treinamento, estudo, especialização e experiência, o profissional de saúde passa por inúmeras transformações internas. São profissionais que lidam diariamente com a dor, as doenças e, até mesmo, a morte.
Portanto, a morte deixa de ser algo do imaginário ou distante e passa a ser enfrentado diariamente em sua rotina de trabalho.
Por isso, é fundamental que este profissional tenha habilidade, conhecimento e preparo para exercer tal função.
Qualquer profissional pode desenvolver este distúrbio.

Os sintomas são:

> Dor de cabeça frequente;
> Esgotamento físico e mental,;
> Perda de apetite;
> Distúrbio do sono;
> Dificuldade de concentração; entre outros.

E ainda sintomas psicológicos:

> Avaliação negativa de si mesmo;
> Sentimento de impotência na realização de seu trabalho;
> Podendo apresentar agressividade ou irritação.

Saiba mais:
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=70

sexta-feira, 12 de março de 2010

CUIDANDO DO CUIDADOR

Quando falamos de cuidados e atenção na saúde aos pacientes, principalmente crônicos e/ou em fase terminal, também devemos nos lembrar de quem está cuidando deste.
O cuidador é aquele que disponibiliza seu tempo, atenção, proporciona bem-estar ao paciente e, principalmente, dá AMOR!
Amor no sentido de procurar compreendê-lo, aceitar suas limitações, ter especial carinho pela pessoa enferma e desejar que esta possa viver com dignidade, respeito e qualidade de vida.
O cuidador pode ser FORMAL, ou seja, aquele que se profissionalizou por este trabalho e o faz com total esmero e comprometimento. É, por exemplo, a enfermeira (o) ou a babá. São pessoas remuneradas para tal função. O cuidador também pode ser INFORMAL. É aquele parente ou amigo que se preocupa com o doente a ponto de doar seu tempo e carinho a ele. Em geral, não é remunerado para exercer esse trabalho, mas nem por isso o faz com menos dedicação.

Por que é importante olhar com atenção o cuidador? Ora, se o cuidador não estiver em boas condições físicas, mentais e emocionais para realizar essa tarefa, como irá ajudar a pessoa enferma? O cuidador também necessita de cuidados, atenção e respeito. Um cuidador emocionalmente frágil pouco fará por aquele que, nesse momento, mais necessita de apoio, um porto seguro.
O cuidador pode ajudar de diversas formas o paciente: realizando tarefaS de banco, fazendo compras, cozinhando, ajudando em sua higiene pessoal, dando os remédios ou simplesmente ESTANDO AO LADO. Estar ao lado significa estar mesmo, com o corpo e com o coração. Muitas vezes, o que a pessoa doente mais precisa é de companhia, é saber que não está só em sua luta, é sentir que realmente é importante para alguém.
Por esses motivos, o cuidador precisa se cuidar, se sentir confortável ao lado do ente ou amigo enfermo. É preciso, acima de tudo, ter muito AMOR.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

DOR, DOR ONCOLÓGICA E DEPRESSÃO

Cristiane Vizzone

Psico-oncologista

“O principal objetivo da terapia não é transportar

o paciente para um impossível estado de felicidade,

mas sim ajudá-lo a adquirir a paciência diante do sofrimento”.

(Jung)

Nas sociedades antigas, o significado da dor era atribuído à presença de maus espíritos ou como uma punição dos deuses. Achava-se que tanto o coração como os vasos sanguíneos estivessem envolvidos no aparecimento álgico.

Na China, pensava-se que a dor estava relacionada à falta ou excesso de determinados fluídos no corpo. Na Grécia, em V e VI a.C., a percepção da dor se dava pelo cérebro e nervos e não pelo coração. Para Aristóteles, a estimulação álgica era conduzida pelo sangue ao coração e essa ideia foi perpetuando ao longo da Idade Média.

Até que, após o Renascimento, as sensações foram atribuídas ao sistema nervoso central (SNC) e Descartes iniciou o conceito de especificidades das vias nervosas, responsáveis pela nocicepção.

Müller, sábio alemão, concebeu a teoria da sensibilidade, em 1842, à ideia de que o cérebro é conhecedor do mundo externo e reage a ele através de nervos sensitivos, surgindo, então, a Doutrina da Energia Específica dos nervos.

Ao final do século XIX e início do século XX, pensava-se que os impulsos nervosos eram os mesmos para todos os nervos sensitivos e que, para cada tipo de sensação, uma parte diferente do cérebro era responsável.

Porém, as descobertas mais significativas ocorreram após a II Guerra Mundial, quando houve desenvolvimento do conhecimento acerca da fisiologia e anatomia e o uso do método científico para avaliar o significado da dor.

De acordo com a International Association for the Study of Pain-IASP (1979), a dor é “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos. Cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores”.

A dor é o sintoma mais incapacitante dentre os demais sintomas que envolvem o paciente com câncer e pode ser causada pela própria doença e/ou pelo tratamento. Ela é um aviso de que algo está errado no corpo ou que a pele foi ferida e, dessa forma, as sensações dolorosas protegem o organismo dos estímulos que causam danos.

A dor acompanha o homem desde os primórdios e continua sendo uma das grandes preocupações da humanidade. O homem sempre buscou compreender a dor, suas razões e os procedimentos para seu controle e, se possível, sua extinção, considerando as dores como sendo física, psíquica ou espiritual.

É inevitável que o homem reflita sobre a morte, sobre sua finitude quando sente dor intensa, principalmente no caso de enfermidades graves, como o câncer, onde a dor se manifesta no grau mais avançado da doença que é quando já se apresenta um risco de morte ao paciente.

Esta experiência dolorosa pode ser influenciada por fatores situacionais, ou seja, para onde a atenção do indivíduo está direcionada naquele momento de dor ou, então, qual ganho secundário terá daquela situação.

Tem-se hoje estabelecida a importância da atuação médica e psicológica em conjunto tanto nas pesquisas quanto para o tratamento adequado da dor, tendo como princípio a ideia de que aspectos físicos e psicológicos mantêm-se presentes no sintoma álgico.

A percepção da dor se dá pelo mecanismo da sensação dolorosa ser transferido pelas terminações nervosas até o sistema nervoso central, onde essa sensação é traduzida como dor. As substâncias presentes na atividade receptora dos nociceptivos são neurotransmissores que atuam cada um com uma função, seja de perceber a sensação dolorosa ou promover a vasodilatação e liberação de outras substâncias como, por exemplo, para refazer o tecido traumatizado. A dor pode ser ocasionada pelo excesso de atividade nociceptiva ou devido a pouca atividade. Os nociceptivos são terminações nervosas livres que respondem a estímulos, sejam eles mecânicos, térmicos ou químicos com alta intensidade.

No Sistema Nervoso Periférico (SNP) há os nervos cerebrais aferentes (ligados à sensibilidade) e os nervos eferentes (ligados à resposta motora). O nervo aferente leva a sensibilidade do SNP ao Sistema Nervoso Central (SNC), portanto, o processo é ascendente e divide-se em encéfalo e medula. Ao se traduzir a sensação – no caso, dor – o nervo eferente leva a motricidade – que é involuntária e está ligada ao Sistema Nervoso Autônomo (SNA) - do SNC ao SNP.

O SNA possui dois tipos de enervações: simpático (que acentua o funcionamento das vísceras; tem adrenalina e noradrenalina) e o parassimpático (que é responsável pela normalização e diminuição do funcionamento; e tem acetilcolina).

A dor no paciente com câncer apresenta algumas características, como o tempo de duração - sendo contínua ou com duração de horas, dias – e intensidade, que geralmente, é grande, tendo maior gravidade quando o paciente vivencia desconforto físico, psíquico, social e espiritual, como lesões na pele, mau odor, depressão, fadiga. Geralmente, dependendo da intensidade e de como o paciente lida com a problemática, também pode apresentar ansiedade, luto, problemas financeiros, questionamentos da vida e da existência de um ser superior, tudo isso resultando em incapacidade e maior sofrimento.

O paciente tanto pode sofrer de dor aguda como crônica. A dor aguda é um alerta do organismo de que algo está errado ou que sofreu alguma interferência externa, como no caso de um procedimento cirúrgico, lesão, inflamação, infecção, entre outros. A dor leva o indivíduo à fuga ou ataque, causando taquicardia, aumento da pressão arterial e agitação psicomotora.

A dor aguda é mais freqüente no início da doença, podendo ser tratada com analgésicos e de fácil controle. A dor crônica é mais complexa e, geralmente, é presente ao longo do período de doença, significando certa progressão da doença e necessitando de uma intervenção mais apropriada.

A dor óssea é a mais comum na doença oncológica, sendo constante na maioria das vezes e aumentando à noite. Quando o tumor invade a medula espinhal, a dor também se torna constante e é preciso uma intervenção cirúrgica ou de radiação rapidamente.

No caso de lesões de nervos, há uma hipersensibilidade no contato com a pele, é intensa e causa imensa resposta muscular e autonômica. É resistente às terapêuticas analgésicas, mas responde de maneira satisfatória aos antidepressores tricíclicos e antiepilépticos.

Em um estudo realizado por PIMENTA et al. (1997), constatou-se que a dor é um evento que ocorre em 50 a 70% dos pacientes com câncer e em 70 a 90% dos que possuem a doença já em estágio avançado.

A dor é um evento pessoal, subjetivo e, portanto, difícil de ser avaliado quantitativamente. A dor crônica tem a característica de persistir por mais de três meses de forma contínua ou intermitente.

Em outro estudo sobre a presença de dor nos pacientes com doença crônica, PIMENTA (1995), apontou que a dor é um sintoma presente nos pacientes oncológicos e que sua intensidade e características estão relacionadas com a localização do tumor, o estadiamento da doença e a presença ou não de metástase, sendo mais freqüente em pacientes com tumor ósseo e menos freqüente naqueles com linfoma. Este trabalho também constatou que a dor ocorre em 71% dos casos de pacientes com neoplasia avançada ou terminal e que a dor é tanto maior quanto maior for o número de metástases.

A dor associada à doença maligna varia muito em intensidade e caráter, dependendo do estágio da doença. O tumor primário pode causar dor localizada, mas quando a dor é causada por metástase é, na maioria das vezes, o primeiro sintoma de câncer.

A dor é causada por um ou mais diferentes fatores etiológicos. Quando nos estágios iniciais, pode estar presente por inflamação, edema, ou destruição de tecidos, infiltração de nervos ou vasos sanguíneos, infiltração ou compressão de tecidos ricos em terminações nervosas, entre outros. Nos estágios avançados, a dor é provocada por compressão de nervos, vasos sanguíneos ou vísceras, ou ainda, por necrose, infecção ou processo inflamatório do tecido ligado a outro adjacente. O incômodo da dor pode manifestar-se de diversos modos: lombar, óssea, nevralgias, isquemia, cólica ou inflamatória.

A dor associada ao câncer tem efeitos profundos sobre o psiquismo do paciente, em parte devido à natureza única da doença existente no paciente, mas também devido à grande intensidade da dor, em particular nos estágios terminais. Por esta razão que, no tratamento da dor, deve-se levar em conta o estado psicológico do paciente e, dependendo da situação emocional, pode haver enormes diferenças nas percepções individuais de cada paciente em relação às dores de intensidade aparentemente idênticas.

Cada indivíduo dará valor diferente à sua dor, dependendo de sua personalidade e sensibilidade. Isso é ainda mais acentuado na dor crônica. A dor emocional é convertida no corpo, devido ao fato dessa última ser mais fácil de controlar.

Com base nesses aspectos subjetivos de cada indivíduo, é que se torna necessário que se obtenha uma boa avaliação clínica de seu estado geral, história psicológica do paciente e as preocupações que permeiam a família.

A percepção do estímulo da dor pode ser alterada tanto de maneira quantitativa como qualitativa e vai depender dos aspectos emocionais, sociais, culturais, ambientais e personalidade pré-mórbida do paciente.

Aspectos culturais influenciam na vivência da dor, na percepção da dor, na maneira como esta é comunicada e como a pessoa reage a ela. É visto que as pessoas com baixo nível sócio-econômico e cultural se referem ao sofrimento quando constitui o físico, ou seja, não se queixam de depressão, mas sim da sintomatologia física, podendo ficar a depressão mascarada na dor.

As emoções podem ser expressadas através de sintomas físicos, como dores de cabeça, nas costas, fadiga, gastrite, infecções respiratórias, asma, problemas dermatológicos, hipertensão ou distúrbios cardíacos. Devido a isso, há estudos revelando que o desequilíbrio emocional, como o desespero, pode levar o indivíduo a desenvolver doença como o câncer, mas também afirmam que tudo vai depender da personalidade desse indivíduo.

Surgem nos tempos de hoje queixas diversas de dor, como lombalgia, cefaléia tensional crônica, tontura, fadiga e outras. Deve-se pensar no que determinam esses sintomas e seus significados, quais aspectos são relevantes na vida mental do paciente que sente dor e que o leva à conversão, depressão ou somatização. Na verdade, torna-se mais fácil medicar o paciente com dor do que ouvi-lo e entender que significado tem essa dor, o que está implícito nela.

Deve-se considerar o homem na sua totalidade e não somente sua parte física que está doente, pois os fenômenos psicossociais podem alterar estruturas e o funcionamento do organismo.

Levando-se em conta somente o soma, tira-se a dor, mas não se cura o paciente que tem sofrimento na alma. Não é possível separar psique-soma, mas sim integrar o atendimento ao enfermo de maneira interdisciplinar: psicoterapia, fisioterapia e acompanhamento médico.

Em se tratando de dor aguda, as reações afetivas nela presentes são ansiedade e estresse frente a essa condição. No entanto, quando se trata de dor crônica, no caso de uma doença como o câncer, essas manifestações são acentuadas e há a presença de outras alterações, como insônia, mudança de peso, irritabilidade, entre outros.

Aspectos emocionais, como a depressão, surgem com a sintomatologia álgica, podendo-se afirmar que quando o indivíduo sente perda de sua autonomia, do prestígio social, do controle da situação e a redução da atividade habitual eclode uma depressão. A depressão está relacionada à presença de dor. Em contrapartida, o indivíduo afastado de suas atividades e centrado apenas nele próprio é mais suscetível a sentir dores. Nesse ponto, o indivíduo que se apresenta emocionalmente comprometido responderá de maneira desfavorável e insuficiente à terapia álgica, mas identificar e intervir em um dos sintomas pode acarretar melhora em outro.

O comportamento do doente crônico, sendo influenciado pelos fatores ambientais, e pensando-se num ambiente desfavorável que reforce negativamente o comportamento doloroso, pode fazer com que este comportamento persista mesmo sem a presença do sintoma álgico. Outros aspectos da vida do paciente influenciam o surgimento da depressão como a desesperança frente ao prognóstico, a preocupação em não obter a cura da doença e a desfiguração.

Quando é o caso em que ocorre a depressão maior, o paciente perde o interesse e o gosto pelas atividades que lhe proporcionavam prazer anteriormente, além de apresentar distúrbios do sono, do apetite, ganho ou perda de peso, agitação ou retardo psicomotor, dificuldade de concentração e, até mesmo, ideação suicida. A depressão maior compromete, portanto, o convívio social, o relacionamento interpessoal e o desempenho profissional.

Devem ser levados em conta os aspectos afetivo-emocionais, culturais e os sensitivos que resulta numa vivência dolorosa muito particular em cada indivíduo. Esses aspectos podem interferir na expressão da dor e o controle da mesma, porém algumas falhas ainda ocorrem quando se trata de alívio da dor, como: formação insuficiente dos profissionais de saúde na área de analgesia, a visão errônea quanto à problemática da dor, uso incorreto de analgésicos, falhas no modelo teórico em relação à dor oncológica e ao seu tratamento e os fatores afetivos, cognitivos e culturais por parte dos pacientes em relação à doença e ao controle da dor, ocasionando a não aderência ao tratamento e, portanto, contribuindo para um inadequado alivio da dor.

Devem-se verificar as características afetivas e sensitivas do paciente para se obter o melhor controle da dor. Para isso, podem-se utilizar escalas de avaliação da dor, por onde o paciente poderá sinalizar a intensidade de sua dor. Assim, pode-se identificar também a eficácia do tratamento, a ocorrência de efeitos colaterais e o possível surgimento de outras dores. É importante ressaltar que a escala de avaliação de dor escolhida deve se adequar ao nível de entendimento e compreensão por parte do paciente.

Há vários instrumentos para a medição da dor: Escala Análogo-visual, Questionário de McGill, Inventário Breve da Dor, Questionário de Memória da Dor, entre outros.

No Inventário de Depressão de Beck, o paciente pode apresentar os seguintes sintomas: sensação de fracasso, sensação de punição, isolamento social, humor deprimido, perda da satisfação, auto-rancor (ódio, aversão), auto-acusação, ideação suicida, choro, irritabilidade, indecisão, imagem corporal alterada, inibição para o trabalho, anormalidades do sono, fatigamento, perda de apetite, perda de peso, preocupações somáticas, perda da libido, pessimismo, sentimento de culpa.

É questionado, no entanto, se a depressão no paciente com câncer deve-se ao diagnóstico em si ou se a dor tem outro papel significativo e único ao paciente na relação com a vivência da doença, considerando que o paciente depressivo responda de maneira desfavorável ao tratamento antiálgico. Outro fato que pode interferir de maneira desfavorável na vivência da dor é a falta de informações ou informações errôneas a respeito do câncer e da dor crônica, bem como a forte correlação entre dor intensa, estado depressivo e mitos culturais.

A dor, como visto anteriormente, acompanha o paciente oncológico, mas para muitas pessoas, saber que possui câncer já é o suficiente para apresentar depressão, podendo esta surgir desde o diagnóstico ou durante o tratamento. O momento do diagnóstico é difícil pelo fato de o paciente ter que aceitar, reconhecer que está com câncer e daí pode surgir a depressão.

Nesse momento de descoberta do câncer, tanto paciente quanto família, vivem um evento de catástrofe que desencadeia choque, negação, raiva e instabilidade emocional que podem provocar distorção no entendimento do tratamento e prognóstico.

A depressão vem de uma dificuldade e sofrimento do indivíduo em enfrentar a realidade de que tem câncer e ter que conviver consigo mesmo e com o meio em que está inserido com esta nova realidade. O tempo todo o paciente com câncer terá que se adaptar a novas situações e ele se vê num momento em que teme por sua vida, principalmente quando sentindo dores.

Na fase de diagnóstico, o paciente terá que se adaptar à rotina de exames e tratamentos e, com isso, vive momentos de ansiedade e sofrimento compatível com a importância que o indivíduo dá à função ou parte do corpo afetada pela doença. Depois que terminado o tratamento, iniciará uma nova fase de adaptação, onde o paciente passará a realizar exames para verificar possíveis metástases e/ou de controle da doença. Nessa fase, o paciente e a família vivenciam o temor da recidiva ou metástase, o medo antecipatório frente aos resultados de exames e a ansiedade por retomar a vida que tinha antes da doença.

No simples fato de sentir a dor há componente psicológico, ou seja, alguns sentimentos como ressentimento, ansiedade, desesperança, carência, hipocondria e, até mesmo, a depressão que são, quase sempre, presentes nos pacientes com dor crônica. Como a dor física e a psicogênica se misturam torna-se difícil a compreensão da dor. Portanto, o trabalho psicoterápico não irá focar somente o alívio da dor, mas também o alívio do sofrimento em sentir a dor, já que a dor é uma experiência complexa e outras características estão envolvidas, como o medo da morte, medo da dor intensa, a própria depressão, desespero e ansiedade que contribuem para o sofrimento da experiência vivenciada.

Durante esse processo em que se encontra o paciente, surgem mecanismos de defesa que atuam em dois papéis: para lutar contra a angústia desencadeada pela doença e estabelecer uma nova maneira de se relacionar com o meio e consigo mesmo. Devido a isso e a partir de então, é fundamental o trabalho do psico-oncologista, tanto com o paciente quanto com a família/cuidador e a equipe de saúde.

A dor deve ser controlada, pois causa sofrimento ao paciente, falto de apetite, diminuição da atividade e insônia, além de provocar danos psicológicos devastadores, podendo levá-lo à baixa do desempenho profissional, social e familiar, à depressão e, até mesmo, ao suicídio. A dor constante traz à lembrança a doença e a morte.

Além disso, a dor afeta diretamente a qualidade de vida do paciente, provocando perda da alegria e capacidade de brincar, aumento da ansiedade, medo, sofrimento, dificuldade de concentração, somatização, perda do controle, mudança na aparência, perda do interesse nas relações sociais, entre outras complicações psicológicas.

Segundo afirma HHS (1994), as intervenções psicossociais são importantes dentro do manejo da dor, pois nelas são observados:

- Intensidade da dor;

- Prolongamento de duração da dor;

- Lucidez mental do paciente;

- Experiência prévia do paciente com as técnicas;

- Capacidade física do paciente;

- Desejo do paciente em utilizar técnicas passivas ou ativas.

Essas intervenções visam mudar a ideia dos pacientes acerca da dor de maneira que ocorra um impacto positivo na sua sensibilidade, emoções e reações. Para isso são utilizadas técnicas cognitivas e/ou conduzidas. As cognitivas estão voltadas para mudar a forma como o paciente pensa em relação à dor. As conduzidas ajudam a desenvolver a capacidade de adaptação e de mudança no comportamento. Além disso, essas técnicas ajudam o paciente a ter autocontrole e maior participação no controle da dor.

Ainda de acordo com HHS, quanto mais cedo essas técnicas são aplicadas, melhor será a adaptação do paciente e sua condição física.

Algumas técnicas que podem utilizadas para o manejo da dor são:

Ø HIPNOSE - A hipnose tem sido a mais eficaz no controle, redução e até mesmo a extinção das dores, que tanto podem ser físicas como psíquicas, melhorando, assim, a qualidade de vida do paciente. Isso porque a hipnose é um trabalho terapêutico, onde são utilizados técnicas e instrumentos que auxiliem o paciente em uma solução terapêutica.

O transe torna a experiência vivida mais presente a ponto do paciente se perceber vivendo novamente mesma experiência passada, podendo chegar a modificar sua forma de pensar, de sentir e de se ver naquela situação.

Há várias formas de se desenrolar uma Hipnoterapia, levando-se em conta as diferentes linhas teóricas da Psicologia e o surgimento de diferentes fenômenos e que a experiência da Hipnose é diferente para cada indivíduo, com o surgimento ou não desses fenômenos, bem como o grau de intensidade. Cabe ao hipnoterapeuta perceber quais os fenômenos serão apresentados para se ter melhor resultado terapêutico.

Ø DISTRAÇÃO - É uma estratégia que visa deslocar a atenção do paciente para outro estímulo ou as emoções negativas relacionadas à dor. Pode ser mental (cantando uma música, fazendo contas) ou externa (assistir televisão, ouvir música, ouvir uma história). Dessa forma, utilizam-se atividades cognitivas com a finalidade de mudar o foco de atenção para outra atividade, fazendo com que o paciente se esqueça da dor.

Ø RELAXAMENTO - É muito eficiente e é a técnica mais utilizada, especialmente em conjunto com a visualização. Com essa técnica, o paciente consegue diminuir a tensão muscular e a ansiedade, relaxando gradativamente o corpo com exercícios de respiração, meditação ou, ainda, utilizando-se de música. A vantagem é que o paciente pode fazer sozinho, pois é de fácil manejo.

Ø VISUALIZAÇÃO - Imagens utilizadas para auxiliar o relaxamento, por exemplo, imaginar as ondas do mar calmo chegando até a areia ou o movimento da dor afastando-se do corpo lentamente, enfraquecendo até desaparecer. Essa técnica o paciente também pode realizar sozinho.

Pesquisas e estudos apontam essa técnica como sendo utilizada para auxiliar no tratamento de diferentes enfermidades, entre elas o câncer.

É importante que o psico-oncologista fique atento à respiração do paciente para se obter um melhor resultado da técnica. Pode-se pedir que o paciente se observe e sinta seu estado de relaxamento, bem como sua respiração leve e prolongada. Dessa maneira, percebendo como respira já está se voltando para si mesmo. Isso leva o paciente a se motivar ao uso da técnica, fazendo com que ele se sinta com maior autocontrole e participante ativo de seu tratamento.

Ø MUSICOTERAPIA - É uma técnica expressiva, assim como a arte-terapia e a dança-terapia, que visa a expressão dos sentimentos e a liberação dos conteúdos reprimidos, sendo uma técnica de criação lúdica e catártica.

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Ruggi C. Apostila do curso: introdução à neuropsicologia. São Paulo; Centro de Estudos Nêmeton; 2004.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Novas coberturas dos Planos de Saúde

Começa 2010 e conseguimos uma vitória!

De acordo com ANS (Agência Nacional de Saúde), a partir de 7 de junho, os planos de saúde terão novas coberturas. Serão 70 procedimentos incluídos, entre eles o exame PET-Scan oncológico, transplante de medula óssea alogênico, de rim e de córnea.
O atendimento psiquiátrico tornar-se-á ilimitado para os casos graves e haverá ampliação das consultas com fonoaudiólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais. As consultas psicológicas passarão de 12 para 40 sessões anuais.
Mas atenção:
As medidas são válidas somente para os planos contratados desde janeiro de 1.999. Os contratos anteriores a este período, seguirão o que consta em contrato.
A única preocupação agora é saber qual será o valor do reajuste dos planos de saúde...